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odor vaginal

Odor vaginal: como manter a vagina saudável

Por vezes, as mulheres podem-se sentir desconfortáveis ao falar sobre o odor vaginal. Mas conhecer o seu próprio corpo pode ajudar cada mulher a identificar o que é “normal” para ela e quando deve procurar ajuda médica. De seguida, contamos-te tudo o que precisas de saber sobre o odor vaginal.

 

Odor vaginal

A vagina tem uma flora bacteriana natural, que é um ecossistema com um equilíbrio frágil. A flora vaginal é um conjunto de microrganismos que se encontram na vagina e têm a função de proteger a região íntima contra infeções, regular o pH e a humidade. Devido a este conjunto de bactérias, o muco cervical na vagina tem sempre um cheiro próprio. Este muco sofre alterações ao longo do ciclo menstrual, à medida que o equilíbrio do pH na vagina muda. O odor vaginal varia, normalmente, entre um cheiro ácido e um cheiro mais metálico, perto ou após o período menstrual. Apesar de ser normal a vagina ter sempre cheiro, é importante perceber quando este cheiro sofre alterações bruscas que podem indicar problemas de saúde.

 

Causas de odor vaginal anormal

1. Vaginose bacteriana

A vaginose bacteriana é uma das causas mais comuns de um odor vaginal anormal e afeta entre 15% a 50% das mulheres em idade reprodutiva. Esta é uma condição em que existe um desequilíbrio na flora vaginal. O primeiro sintoma é muitas vezes um cheiro semelhante ao cheiro a peixe, que pode progredir para uma secreção espumosa, cinza ou esverdeada. A mulher também pode sentir comichão e inchaço.

Existem várias opções de tratamento diferentes. A mais comum é a medicação à base de antibióticos. No entanto, é comum haver recorrência de vaginose bacteriana após o tratamento com antibióticos. Alguns estudos demonstram que o uso de probióticos pode ser útil e a utilização de preservativo, pois o parceiro sexual pode ser a causa da infeção quando as relações sexuais provocam um desequilíbrio na flora vaginal. Neste caso, é aconselhado consultar um médico especialista, pois o parceiro também poderá ter de ser medicado com antibióticos. Consultar um médico é especialmente importante se a mulher estiver grávida, pois com a presença de vaginose bacteriana existe um risco acrescido de parto prematuro.

 

2. Tricomoníase

A tricomoníase é uma infeção sexualmente transmissível (IST) não viral e é a mais comum no mundo. Esta é uma infeção muitas vezes assintomática. Por vezes, as mulheres afetadas podem apresentar sintomas subtis como corrimento vaginal verde-amarelado com cheiro desagradável, e a vulva pode ficar um pouco vermelha e com comichão. Esta infeção é normalmente tratada de forma fácil com antibióticos.

 

3. Síndrome do choque tóxico

A síndrome do choque tóxico é frequentemente causada por tampões de elevada absorção. Felizmente, ocorre cada vez mais raramente. Esta síndrome, para além de poder causar odor vaginal, faz com que a mulher fique muito doente muito rapidamente. Os sintomas são febre alta, alterações na pressão arterial e possivelmente uma erupção cutânea. Adicionalmente, as mulheres podem ter diarreia ou vómitos e podem também sofrer desmaios.

 

4. Aftas vaginais

As infeções fúngicas vaginais, como aftas, são muito comuns e geralmente causam comichão, ardor e alterações no corrimento vaginal, que pode tornar-se irregular e branco, semelhante ao leite coalhado. Normalmente, este corrimento não tem um cheiro muito  forte, no entanto deve-se sempre consultar um médico para um diagnóstico e tratamento adequados.

 

5. Alterações hormonais

Da mesma forma que o ciclo menstrual causa alterações no odor vaginal, outras alterações hormonais podem afetar o cheiro do muco cervical. Especialmente durante a menopausa e nos anos pós-menopausa, muitas mulheres veem o seu cheiro mudar. A gravidez também altera o muco cervical. Muitas mulheres, durante a gravidez, têm mais corrimento, ou o corrimento torna-se mais grosso ou mais fino, mas, em qualquer dos casos, não deve ter um mau cheiro. Se durante a gravidez a mulher sentir que o seu corrimento ganhou um cheiro forte e desagradável, deve consultar o seu médico ginecologista.

 

6. Infeções urinárias

Quando existe uma infeção urinária, a mulher sente muitas vezes um cheiro semelhante ao amoníaco. Isto acontece quando existe uma infeção do trato urinário. Este tipo de infeções, quando não são tratadas, podem causar febre e o odor vaginal torna-se desagradável. Um cheiro ocasional a amoníaco pode ser um sinal de um problema de incontinência existente, que a mulher desconhece. Este tipo de problema é muito comum e um médico ginecologista pode aconselhar sobre as opções de tratamento.

 

7. Cancro ginecológico

Em situações raras, o mau odor vaginal pode ser um sintoma de cancro cervical ou uterino. Note-se que, neste caso, é improvável que o corrimento e o odor vaginal sejam os únicos ou os primeiros sintomas. No caso de cancro, muitas vezes também existe sangramento durante a relação sexual, ou manchas ocasionais que se tornam mais regulares. O cheiro da vagina nestes casos será um pouco metálico. Em qualquer destas situações, a mulher deve consultar de imediato um ginecologista.

 

Higiene íntima

Muitas mulheres sentem preocupação associada ao odor vaginal, muito embora a existência de cheiro ligeiro seja perfeitamente normal. Uma higiene íntima correta pode ajudar a aliviar muitas destas preocupações. Como qualquer outra parte do corpo que fica suada, a área ao redor da vulva pode também ficar com cheiro. Mas é importante notar que os sabonetes e o gel de banho podem perturbar o equilíbrio natural da flora bacteriana vaginal e possivelmente aumentar o risco de vaginose bacteriana. Como tal, é importante escolher um gel de limpeza com o pH adequado (pH ácido) e evitar pensos diários ou pensos higiénicos perfumados, ou desodorizantes vaginais.

No banho, a mulher deve-se lavar cuidadosamente, de forma suave, sem friccionar e é preferível usar água morna em vez de água quente. Também é recomendado usar as próprias mãos, em vez de esponjas ou lufas. Adicionalmente, também se deve secar de frente para trás para não trazer bactérias em direção à vulva. Da mesma forma, a região anal também deve ser limpa de frente para trás. Após o banho, é importante secar muito bem a zona, pois a humidade, assim como o calor, cria condições propícias ao desenvolvimento das bactérias e dos germes que causam as infeções vaginais.

 

É importante notar que o odor vaginal é normal. Não obstante, quanto estás menstruada, se estás grávida, e após as relações sexuais, deves prestar especial atenção à tua higiene íntima. Se pensas que podes ter um odor vaginal anormal, consulta um médico ginecologista.