Cada vez são mais os casais que têm dificuldades em ter filhos. Felizmente a ciência tem avançado a passos largos, dando mais e melhores soluções para este problema. No entanto, a doação de óvulos ainda é escassa, devido aos falsos mitos que existem.
São muitas as mulheres que já consideraram porque doar óvulos, mas devido à ignorância que ainda existe a respeito do procedimento, acabam por surgir muitas dúvidas, medos, e questões como:
- “vai doer..”
- “causará alterações no meu período..”
- “afectará a minha saúde..”
Um dos maiores mitos da doação de ovócitos é o medo de ficar estéril depois da intervenção.
Quando existe a mais remota expectativa de que este processo afecte a própria fertilidade, o sentimento altruísta inicial de ajudar outras pessoas a conseguir realizar o sonho de construir uma família, torna-se numa actitude desnecessariamente cautelosa de manter a própria fertilidade, optando por não doar.
Dizemos que é uma actitude desnecessariamente cautelosa, já que, como acabamos de referir, trata-se de uma falsa crença. Ao contrário dos homens que produzem esperma durante toda a vida, as mulheres nascem com um determinado número de óvulos por maturar (cerca de 1 milhão). A partir da puberdade, cada mês durante o ciclo de ovulação alguns destes óvulos amadurecem parcialmente, mas apenas um amadurecerá totalmente para ter a capacidade de ser fecundado. Todos os óvulos que amadurecem parcialmente todos os meses acabam por ser expulsos pelo organismo.
Tabela de conteúdos
O que acontece quando uma mulher decide doar óvulos?
O procedimento de como doar óvulos, começa com um tratamento hormonal de estimulação para aumentar o número de óvulos que chega à ovulação com a qualidade suficiente para serem fecundados. Deste modo, a reserva de óvulos não é afectada já que se tratam dos mesmos óvulos que, de outro modo, seriam eliminados pelo organismo.
Existem dados científicos sobre a relação entre a doação e a infertilidade?
Um estudo recente realizado pelo Centro de Medicina Reproductiva de Bruxelas, demonstra que não há relação entre a doação de óvulos e a infertilidade. Nesse estudo em que participaram 194 mulheres, 60 tentaram ter filhos passado algum tempo. Constatou-se que 57 conseguiram engravidar sem problemas, e as outras três recorreram a intervenções de reprodução medicamente assistida. No entanto, em dois destes três casos, concluiu-se que a dificuldade estava no companheiro.
Existe também o receio de que a fertilidade seja afectada de forma mais indirecta, acreditando que os ciclos menstruais podem ver-se alterados e inclusivamente, pode gerar a síndrome do ovário poliquístico.
- As hormonas utilizadas são as mesmas que as mulheres produzem durante o ciclo menstrual. Depois de cada ciclo, os ovários iniciam novamente o processo de preparação para que os óvulos sejam fecundados, o qual só afecta o actual ciclo menstrual.
- Por outro lado, o ovário poliquístico é uma característica que se tem desde o nascimento e que depende da genética, independentemente da estimulação ovárica.
Em resumo, não há nenhum estudo científico que demonstre a relação entre a doação de ovócitos e a infertilidade. Trata-se de um processo totalmente controlado que não durará mais do que 20 minutos e há muitos motivos para doar óvulos.
Assim, incentivamos todas as mulheres a recuperarem aquele altruísmo que um dia se transformou em medo, para se tornar na esperança daqueles casais que não têm a mesma sorte.